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quarta-feira, 5 de março de 2014

Mais uma história sobre opiniões alheias e preconceito

Em uma reunião com alguns amigos, fui interrogado sobre preconceito e política. Será que existem grupos políticos organizados movidos por preconceitos sociais ou segregação racial? Sempre que falo de política, faço profissionalmente e falo da opinião dos outros, de ciência, nunca do que acredito. Desta vez abri uma exceção.  
Para ilustrar, comecei contando da opinião que ouvi, em off, de um grande empresário de Vilhena, militante de um partido de direita e que promove campanha anti PT. O encontro foi por ocasião de uma entrevista para uma revista de uma multinacional,. Em discurso de extrema direita, o empresário político criticou o PT, os índios, os sem-teto, os sem-terra e os negros. Ele atribuiu a eles a culpa de o Brasil não ser rico e outras desgraças.
Eu ouvi sem questionar. Estava só fazendo meu trabalho e, sem que ele percebesse, gravei tudo com minha discreta câmera Nikon 3100, que também faz imagens fullHD. Quando saí da sala tive vontade vomitar. Nunca ouvi tanto preconceito, despotismo, segregação, racismo, arrogância e culto ao dinheiro.  
Uma de suas opiniões foi sustentada com um “historinha”, contada depois de exaltar, em seu discurso, a vizinha Argentina. O empresário disse que, na época da libertação da escravatura no Brasil, o país vizinho colocou 300 mil homens do exército na fronteira com o Brasil é ordenou que não deixassem nenhum negro entrar. “Todos os negros que tentaram entrar na Argentina foram mortos na fronteira. Eles não deixaram essa raça entrar lá, por isso que eles chegaram em um nível acima de nós”, disse o orgulhoso. “Ainda estamos pagando o ônus por trazermos negros para o Brasil” acrescentou.
Eu nasci em um berço socialista cristão, no interior do Paraná. Cresci acreditando na cooperação entre as pessoas, na igualdade entre os povos e na caridade. Esses valores carrego até hoje comigo. Fazem parte do meu caráter. Por conta disso abandonei empregos, companhias e desprezei oportunidades que me obrigavam a lutar contra o que eu acredito. Quando ouço conversas ridículas como a do empresário, reforço ainda mais meus valores.
Na ocasião dessa entrevista, não pude contra argumentar com o empresário. Não pude falar de genética, de cultura e da essência humana. Não pude falar dos grandes pensadores, dos grandes guerreiros, de filosofia, de antropologia. Fiquei com pena do pobre infeliz que, de tão pobre de sabedoria, tornou-se escravo de suas posses materiais.  
Quem diz que preconceito não existe, que a Elite não tem preferências políticas, que a “direita” não é contra a segregação, precisa repensar seus conceitos. Foi uma das experiência vivida por mim, mas não é a única. Em 19 anos de jornalismo ouvi coisas que poucos acreditam. Por muitas vezes presenciei ruralistas defenderem a ideia de matar sem-terra e índios, empresário se referirem aos pobres como escórias, dizendo que só eles (os empresários) pagam impostos (na verdade eles apenas repassam os impostos devidos), e outras aberrações.
Porém, um dos maiores preconceitos e o mais comum entre os capitalistas (já ouvi dezenas de vezes), é acreditar que o pobre é pobre por que quer; porque tem preguiça de trabalhar; porque é burro; porque é inferior. Esses “fatores limitantes” pregados por eles é também uma forma de dizer que “pobre não merece oportunidade”. Pobre para eles tem muito valor quando podem servi-los como empregados, mesmo assim reclamam de ter que pagar salários e direitos trabalhistas. Ainda existe, lá no fundo, um desejo enorme da elite em ter escravos.  


Dejanir (Brasileiro da Silva) Haverroth

domingo, 2 de março de 2014

A oposição de direita no Brasil é burra

Charge do blog "alhoeolho"
As redes sociais estão cheias de “anti-petistas”, outros apaixonados pela ditadura militar, outros cegos e alienados e ainda aqueles que tem opinião formada e até coerentes – aos quais devemos respeitar. Todos estes pregam contra a Dilma, contra o PT e fazem um inferno na vida dos “desgraçados do mensalão”.
Até aí tudo bem. Mas como essas críticas, sozinhas, vão contribuir para a mudança de poder? Contribui sim, para transformar a internet em um palco de guerra e promover o caos. Mas não é eficaz para as mudanças pretendidas por eles.
No livro “O Príncipe”, Maquiavel falou do insaciável desejo de mudança, próprio da nossa natureza. Porque “eles tudo desejam, mas pouco podem ter e disso resulta o descontentamento e um desgosto pelo que possuem, culpam o presente, louvam o passado e desejam o futuro, mesmo que sem razão”.
É besteira calcar uma oposição na crítica ao líder que se identifica com o povo, que tem empatia e, de certa forma, protege os pequenos e dá o que eles precisam. O desejo do povo pobre é mais honesto do que o dos grandes. Enquanto os grandes desejam oprimir, o povo deseja apenas não ser oprimido.
Se eu digo ao meu filho, por exemplo: “não coma este alimento, ele vai te fazer mal”, mas não ofereço outra coisa para comer, certamente não vai me obedecer. Moral: toda crítica deve ser seguida de uma sugestão, uma alternativa atraente, melhor que a disponível.
Onde estão as opções dadas pela oposição? Ao invés de apenas criticar a situação, eles devem trabalhar na criação de um novo líder. Uma alternativa viável, melhor. Mesmo que eles convençam o Brasil todo de que o PT é ruim, que as grandes conquistas do país nos últimos 12 anos foram vãs, ainda votaremos e elegeremos a Dilma em primeiro turno.
Não vejo na oposição direitista, de elite, competência para criar um líder que destrone a presidenta Dilma nas eleições de 2014. A direita briga entre si. Seus líderes são gananciosos e defendem interesses corporativos diversos (não se consegue, honestamente, contentar os grandes sem ofender os pequenos). As brigas existem dentro dos próprios partidos. Seus discursos não conseguem entrar no coração da maioria do povo.
Enquanto a direita estiver desunida e sem um líder para apresentar ao povo, pode esquecer seu objetivo de conquistar o governo do Brasil em 2014. Veja este conselho de Maquiavel, do livro “O Príncipe”: “... notando os grandes que não podem resistir ao povo, iniciam a CRIAR A REPUTAÇÃO de um de seus elementos e o tornam príncipe, para poder à sua sombra, satisfazer os seus apetites.”

Sei que posso vir a me arrepender de dizer isso, mas espero que eles não vejam esse texto, para que não o sigam como conselho.


Dejanir (Brasileiro da Silva) Haverroth