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sábado, 28 de março de 2015

Anatomia Política – Começam articulações para 2016/Rondônia

Dejanir Haverroth*

As articulações para 2016 começaram em outubro do ano passado, logo após as eleições estaduais. Mas as configurações mudam a cada episódio, como em um novo embaralhar das cartas. O eleitor, infelizmente, ainda é passivo como um expectador de teatro – só entende a peça quando se abrem as cortinas. Meu papel aqui é abrir as cortinas antes da peça começar.

O pior período para qualquer prefeito é o final do segundo ano do primeiro mandato. Quem sobreviveu até aqui tem chance de recuperar o prestígio e pensar em reeleição. Mas alguns prefeitos não conseguirão, apesar da boa vontade e honestidade. !7 prefeitos dos 52 de Rondônia fecham o segundo mandato e não podem concorrer à reeleição. Dos 35 que que disputarão o segundo mandato, apenas 21 deles demonstram reais chances de se reeleger. Os demais, ou mudam a estratégia ou terão de contar com muita sorte.

Conesul
>>> Na região do Conesul, vamos começar por Cerejeiras. A cidade está cheia de buracos por consequência das obras infraestrutura, mas a população acredita no prefeito, Airton Gomes (PP), que deverá concorrer à reeleição. Na área rural ele é imbatível. A oposição se articula em blocos desassociados (rachada). De um lado o ex-prefeito Kleber, de outro o ex-deputado Ezequiel Neiva, ambos do PMDB.
>>>Kleber tem problemas na justiça e pode ser impedido de concorrer. Se isso acontecer a oposição deve se juntar a Ezequiel.  Pedrinho do Taxi está fora do páreo. Se as coisas continuarem como se desenham, Airton será mesmo um páreo duro para a oposição. Basta ele concluir as obras iniciadas e se garante mais quatro anos na administração. 

>>> Em Colorado o prefeito Josemar Beato vai à reeleição e, ao contrário da eleição passada, seu grupo terá oposição. O PMDB se preparar para disputar, mas o nome ainda não foi definido. Vai ter que “nascer” um nome politicamente viável dentro do partido, que agora tem uma deputada atuante e o grupo dos Donadon’s vem com mais força. O PT também poderá lançar candidatura.    

>>> Em Vilhena a situação pré-2016 é muito mais complexa. O grupo do Rover é o mais fortalecido e tem um bom nome. Quem subestimar Gustavo Valmorbida pode quebrar a cara. Gustavo tem carisma e é o homem forte da prefeitura há seis anos. O povo gosta de líderes fortes. A oposição está desarticulada. O Melki Donadon (PTB) não pode ser candidato e deve se lançar em mais uma missão suicida – com ele ou outro nome da família (e não será o vereador Junior, seu primo).
>>>Junior Donadon (PMDB) ainda não tem grupo, mas poderá se articular até o ano que vem. Porém, se a família Donadon entrar na disputa dividida, não terá chance. Outro grupo é do Luizinho Goebel (PV). É pouco provável que Goebel se lance à prefeito. Não vi nenhuma movimentação dele neste sentido.

>>> Em Rolim de Moura está tudo indefinido. Pelo que se pode observar, o atual prefeito não será mais candidato. Está decepcionado com jogo do poder. Existem cinco grupos se articulando para a disputa, mas nenhum se destaca até o momento. O vice-prefeito, Luizão do Trento (PSDB), deve ser candidato natural do grupo, caso Cesar desista. Outro nome, o atual presidente da câmara, Juninho (PSD) também é cogitado nos bastidores da política de Rolim de Moura.  

>>> Ariquemes – A administração de Ariquemes está mal das pernas. Lourival Amorim passa por uma grave crise de popularidade em sua administração. Outros dois grupos começam a crescer e ameaçam a reeleição de Amorim – o PMDB, com o jornalista Ricardo Scwantz, e o DEM, com o deputado Adelino Follador.

>>> Ji-Paraná – O prefeito Jesualdo Pires está fazendo uma boa administração, e não tem concorrente a altura para o próximo pleito. Sua hegemonia só será ameaçada se ele demonstrar, com antecedência, seu interesse em uma candidatura ao governo, em 2018. Aí o grupo do Gurgacz entra em cena e pode lançar Marcos Rogério (PDT) à Prefeitura.

>>> Apoios: É cedo para medirmos o peso que cada grupo ou partido terá para eleger seus prefeitos. O Brasil passa por uma crise de confiança na política e nas instituições e ainda não sabemos quando e como isso vai acabar. O único grupo de Rondônia cuja credibilidade ainda não foi abalada nesses dias é o do Senador Acir Gurgacz (PDT). 

Na próxima coluna falaremos de outros municípios - Jaru, Porto Velho, Machadinho, Buritis, Cacoal, Guajará-Mirim, São Francisco e Costa Marques.


Dejanir Luiz Haverroth - Bacharel em Comunicação Social, especialista em Ciências Políticas, especialista em Assessoria de Comunicação, Trainer Internacional em PNL, Praticante de Coaching Quântico Sistêmico e COACH Político – Certificados reconhecidos por três entidades internacionais (Metaforum Internacional, Sociedade Internacional de PNL e Associação de PNL da Alemanha). 

Verdades e mentiras sobre a Amazônia

Resolvi escrever sobre as verdades que sempre negamos sobre a Amazônia e as mentiras que somos obrigados a contar

Não aguento mais mentir aos meus amigos do Sul e Sudeste para esconder as verdades sobre nossa realidade. Resolvi contar tudo em cinco verdades absolutas. Ao final, na segunda parte desse texto, cito as cinco mentiras que somos obrigados a contar para o povo da civilização, sob pena de levarmos flechada no traseiro ou sermos engolido por Pirarucu!
Posso falar com conhecimento de causa. Cheguei na Amazônia Legal em 1988, na cidade de Vilhena, e conheço os seis Estados que compõem a região e 472 dos quase 800 municípios.

Verdades que tentamos esconder:
1 – É verdade que os índios andam pelados pelas ruas das cidades, armados até os dentes com arcos e flechas, zarabatanas e pau-de-dar-em-doido. Tanto é verdade, que a maioria das pessoas não nativas que moram por aqui tem, pelo menos, uma cicatriz na bunda, feita por flechas de índios;
2 – Também é verdade que onças, cobras e jacarés representam um grande perigo à população. Que todos os dias vemos pessoas serem comidas por animais selvagens;
3 – Outra triste verdade é que a maioria das mulheres que vivem próximo aos rios vivem experiências sexuais fantásticas: não por conta de “ricardões”, mas dos botos. Que todos os dias de lua cheia os botos viram homens bonitos e saem para pegar as mulheres;
4 – É verdade que, se você mora no Sul ou no Sudeste e tem o segundo grau (ensino médio), pode vir para Rondônia e virar professor universitário da noite para dia. Que a maioria das pessoas daqui é analfabeta e as escolas são cobertas de palha de coqueiro;
5 – Confirmo como verdadeira a informação de que não dispomos de tecnologia. Que a internet é via tambor. Que os índios são especialistas em decifrar códigos binários e transmitir informações, binariamente, pelos tambores. Que computadores e celulares são raros por estas bandas.

Mentiras que somos obrigados a contar:
1 - É mentira que temos na Amazônia legal a maior diversidade cultural do Brasil e uma das maiores do mundo. Que a região abriga 12 de cada 100 brasileiros, a maioria vinda de outras regiões e trazendo consigo seus valores e cultura. Que aqui se respeita diversidade, costumes, religião, raças e cores;
2 – Também é mentira que a Amazônia é uma das portas de entrada da ciência e da tecnologia no Brasil. Que a maioria das novidades chega aqui primeiro, depois vai para o Sul e Sudeste;
3 – É mentira que somos os maiores exportadores de grãos e carne para a Europa e a Ásia. Que, mesmo assim, fornecemos água de chuva para o Sul e o Sudeste, através dos chamados Rios Voadores, que nascem na Amazônia e são levados pelos ventos à região tropical do país, por isso lá (no trópico) ainda não é um deserto;
4 – Pura mentira que na Amazônia Legal existe uma das maiores e mais ricas cidades do Brasil – Manaus - Com 2 milhões de habitantes, a sexta cidade mais rica do Brasil;
5 - É mentira que nós achamos ridículas as perguntas dos “civilizados” sobre nossa região. Que não os consideramos desinformados, alienados e nem imbecis quando nos fazem perguntas idiotas.

Ps: Qualquer outra dúvida, é só perguntar. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Cinquentinha... conheço a sua história!

Não gosto de atirar pedras em ninguém, mas tem situações que nos obrigam a reagir. Tem muita gente boa protestando nesses dias, mas o rol dos “revolts” foi engrossado por um bando de pilantras.

Vou ser bem específico: um certo cidadão que militou na imprensa de Vilhena há alguns anos é, dentre meus amigos virtuais, um dos mais ferrenhos combatentes contra o PT e a Dilma na internet.

Tudo bem. Respeito. Mas não me convence. Quem é corrupto não tem moral para acusar. Lembro do Mestre, que disse à multidão: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”.

Explico: Esse meu “amigo” vivia de achaques à políticos em Vilhena – pratica comum na imprensa, infelizmente. Seu apelido era “Cinquentinha”. Vivia cobrando “jabá” de R$ 50,00, para não falar mal dos políticos locais.

E agora? Virou moralista ou mudou seu status? Será que a Dilma não deu “cinquentinha” pra ele, ou realmente ele se preocupa com a corrupção? Se converteu ao antipetismo? Qual é o teu preço agora?

Não vou citar o nome desse amigo, porque ainda o respeito.

Mas vai aquele ditado: “Quem não te conhece que te compre!”

terça-feira, 24 de março de 2015

Como conheci Severino Pegoraro

Eu entrei na vida da família Pegoraro de uma maneira bem interessante. Era o ano de 1993 e eu vivia um dos momentos mais conflituosos de minha vida. Eu era PM e não suportava mais viver conduzido apenas pela coluna vertebral. Meu cérebro estava inutilizado pela inércia e parecia inchado e pesado. Eu estava em busca de uma saída.

Foi nessa época que conheci uma moça interessante, diferente da tantas que eu já tinha visto. Era bonita, alta, magrela, simples e meio caipira. Parecida comigo. Eu também me criei na roça, na mesma região do interior do Paraná que ela. Naquele momento iniciou uma fase marcante da minha vida, fundamental para que eu me tornasse o que sou hoje, em âmbito familiar, profissional e pessoal.

Namoramos durante quatro meses e resolvemos nos casar. Mas para isso eu precisava enfrentar o velho, que morava num sítio em Nova Conquista, a 76 quilômetros de onde eu morava -  Vilhena/Rondônia. Pedi uma Toyota emprestada do amigo Willi Ripke. Só uma Toyota traçada poderia chegar lá. Não havia estrada, só caminho de madeireiros.

Nova Conquista era um assentamento de sem-terra recém-implantado. Não havia água, luz ou outro benefício. Os sitiantes ainda não tinham farturas, só as clareiras no meio da mata e barracos cobertos de tábuas rachadas. No sitio do Pegoraro algumas galinhas no terreiro e um porquinho na seva, engordado a base de mandioca; uma pequena horta com temperos, almeirão e tomate-cereja; na roça mandioca e abacaxi.

Faltava muita coisa lá, mas tinha tudo o que eu procurava naquele momento da minha vida. Chega a ser indescritível o que eu senti naquele lugar com aquela família. Voltei às minhas origens e comecei a reviver valores fundamentais que compunha o meu “eu” mais profundo.

Chegou a hora de pedir a mão da magrela em casamento (eu também era magrelo – com 1,90m de altura, pesava apenas 70k). Chamei seu Pegoraro para a conversa e ele me levou para caminhar pelo sítio. Fomos até a nascente de água, na serra, de onde ele canalizou com bambu a água que servia a casa.

Eu era hiperativo e, embora nem tivesse consciência disso, as pessoas percebiam. Era impaciente e não conseguia ficar sem atividade por um minuto sequer. Seu Pegoraro percebia isso. Quando eu disse que queria me casar com sua filha, ele respondeu:
_ “Eu tenho uma preocupação: você é muito agitado, ligeiro, e minha filha é bem lerda!”.
Na verdade sua filha era tranquila, calma, pacata, muito diferente de mim.

Sempre usei o humor para me sair de situações complicadas. Percebi que, naquele momento, qualquer argumento poderia complicar mais as coisas e talvez não adiantasse nada. Quando ele disse que a “filha era lerda”, respondi, sem pestanejar:
_ “Eu não quero sua filha pra carreira, quero pra tirar umas crias”.
Quando me toquei já tinha feito a brincadeira. O jeito foi fazer uma cara de palhaço e esperar a reação. Pegoraro ficou alguns segundo me olhando, depois soltou uma rizada e respondeu:
_ “Aí sim! É desses que eu gosto!”;

Naquele mesmo dia levei a filha do Pegoraro pra casa. Depois disso saí da polícia e fui morar no sítio em Nova Conquista. Lá reconstruí o meu “eu” destruído pelas pauladas da vida. Em Nova Conquista aprendi a conhecer as pessoas, cometi erros e também aprendi com eles. Morei em Nova Conquista durante quatro preciosos anos e vivenciei algumas das mais importantes experiências da minha vida.

Sobre a promessa que fiz ao Pegoraro, ao pedir a sua filha em casamento, eu também cumpri. Com ela tive três “crias”, das quais me orgulho muito. Seu Pegoraro está doente, não sei como será a sua vida daqui pra frente nem quanto tempo viverá (gostaria que vivesse mais 100 anos). Espero que esse texto chegue até ele, para que saiba que sua missão para comigo foi cumprida com excelência. Sua simplicidade, sua sabedoria, sua pureza e seu exemplo estão gravados em meu coração. E todas as vezes que vejo uma das crias, seus netos, eu vejo um Pegoraro.