As eleições de 2018 no Acre dependerão de alguns importantes fatores: a
união da oposição, o resultado do governo Temer e uma evolução de pensamento.
Dejanir Haverroth
A Frente Popular do Acre (FPA) composta por partidos de esquerda
liderada pelo PT completa 24 anos de existência e 18 de “reinado” no Acre.
Apesar da estagnação do grupo no Estado, conseqüência desse momento político
nacional, o Acre ainda é o principal reduto do PT no Brasil. Para a oposição
conquistar espaço em 2018 terá de contar com muita estratégia e um pouco de
sorte.
Além do governo, a FPA já teve 17 das 22 prefeituras. Nesta eleição se
manteve com 10. Porém, manteve a capital, Rio Branco, que detém cerca de 45% do
eleitorado do Estado. O candidato do PT foi eleito em 1º turno em Rio Branco.
A oposição avançou um pouco, mas dividida. O PMDB, o PSDB e o DEM, o PP
e o PSD são os principais partidos de oposição, mas seguem caminhos e
estratégias diferentes. Não existe, na oposição, um discurso alinhado a um
projeto político único. Cada partido tem a sua estrela e força para que brilhe
mais que as outras.
Outro fator importante para 2018, não apenas para o Acre, mas para
todos os Estados brasileiros, é o resultado do governo Temer. O fracasso já é
enunciado, mas é preciso saber como cada um vai usar isso a favor ou contra.
Será que até 2018 o PT conseguirá provar que é vítima? Quem apoiou
Temer no período do impeachment ou de seu governo vai conseguir a simpatia dos
eleitores ou serão vistos como cúmplices ou traidores? Qual será o partido com
maior prestígio em 2018: O PSDB ou o PMDB?
Um dos principais caminhos para o sucesso de 2018 passa pelo coração da
juventude. Poucas vezes na história desse país os jovens estiveram tão envolvidos
com a política como estão nos últimos tempos.
As medidas de Temer ameaçam o futuro de milhares de jovens das camadas
mais pobres, e isso não afeta apenas o PMDB, mas qualquer partido de oposição
ao PT. O partido que não se antecipar em melhorar as ações e o discurso com
foco na juventude poderá sofrer rejeição nas próximas eleições.
Outro ponto importante:
O Acre é como “um outro país” dentro do Brasil. Sua geografia, sua
economia e suas peculiaridades culturais e étnicas fazem com que seja um estado
particularmente especial. Apesar do pequeno território, se torna imenso diante
de seus obstáculos naturais e sua diversidade e miscigenação. É comum encontrar,
no Acre, bons intelectuais, acima da média nacional.
Portanto, para conquistar terreno nas disputas políticas no Acre não é
uma tarefa fácil. Requer muito mais que um simples discurso de promessas vãs.
Requer uma evolução de pensamento.