Ontem eu assisti o final de uma novela, coisa que não faço
há tempos. Comecei a ver essa belíssima obra, “Amor à vida”, há pouco mais de
um mês. A princípio assisti para fins de estudar comportamentos, depois me
afeiçoei pelas histórias de cada personagem. Cresço sempre que vejo bons filmes,
boa música ou livros. Tento resistir à TV, mas sou seduzido de vez em quando. Não
tenho vergonha de admitir: também cresço sempre que vejo uma boa novela.
Tenho visto críticas a novela “Amor à vida” nas redes
sociais e outros veículos eletrônicos, por isso resolvi fazer um breve texto
para mostrar contrapontos aos comentários negativos que li. Quero deixar claro
que respeito opiniões de pessoas com mapas mentais diferentes do meu. Sei das
limitações impostas pelas religiões ou outros valores ou paradigmas.
Para entendermos a importância dessa obra, temos que
entender o título: “Amor à vida”. O maior mandamento de todos é AMAR. Seja “Eros”,
“filos” ou “ágape”, o amor é o único caminho para a felicidade plena. Pode-se
ter todos os dons humanos e divinos, sem o amor de nada valem (bíblico). A
novela conseguiu transmitir isso.
Vimos ali diversas histórias parecidas com as que vemos
todos os dias no nosso convívio - homens, mulheres, heteros, gays, caretas,
descolados, egoístas, altruístas, diferentes religiões, pessoas que cometem erros, outros com
limitações físicas ou mentais. Nada do que se viu deveria ser censurado pelos
telespectadores. No mínimo serviu para ampliar o “mapa” mental de quem
assistiu, e aumentar a tolerância às diferenças. Aliás, vimos nessa novela,
principalmente, a tolerância e o perdão.
Poucas pessoas sabem (se sabem não admitem) que o perdão é a
maior demonstração de força, inteligência e superioridade que um humano pode
demonstrar em sua vida. É também o maior remédio que existe para a saúde
emocional, que influencia na prevenção de doenças cardíacas, canceres e outros
males físicos e psíquicos.
Nunca sabemos quando vamos ver nossos entes pela última vez,
mesmo assim esquecemos o abraço, uma palavra de ânimo, um “eu te amo”. A cena
que mais me emocionou foi quando os personagens “Felix” e seu pai “Cesar”
sentaram-se à beira do mar e fizeram declaração de amor. Alguém conseguiu
conter o choro? Naquele momento lembrei-me de meu pai.
Quando o “velho” se foi, em 14/02/2013,
faziam 50 dias que não nos víamos nem nos falávamos. Tivemos um breve
desentendimento, por questões banais. Eu queria ter podido resolver isso antes
de sua partida, mas eu esqueci que ele não era eterno. As vezes pensamos que as
pessoas queridas nunca morrem e sempre somos surpreendidos com uma viagem sem
despedidas. Pior ainda, sem perdão.
Eu e meu pai raramente conversamos sobre nossos sentimentos,
emoções. Não o culpo. Ele apenas transmitiu o que aprendeu. Um “eu te amo” eu
nunca disse a ele e nem ouvi dele. Tenho dificuldade até hoje de declarar amor
a alguém, até aos meus filhos. Mas um dia vou conseguir. Estou buscando me
melhorar como indivíduo e no convívio com os meus, estendendo isso aos ambientes
sociais e profissionais.
Nenhuma lição dessa novela (muito bem escrita) deve ser
ignorada, mas sim estudada com sabedoria e mente aberta. Estamos inaugurando a
era da espiritualidade, e quem ignorar lições como estas vai carecer da
tolerância e do perdão dos mais evoluídos. (ps: “espiritualidade” não é
“religiosidade”. A espiritualidade amplia o entendimento, a religião, nem
sempre).
Dejanir (Brasileiro da Silva) Haverroth