(Crônica publicada em 2007, na terceira edição do jornal "La Carta")
Dejanir Haverroth

Nazzareno
falava com todos ao mesmo tempo, mas engatou um papo legal com Cássia e o
cacique. Ele é apaixonado por língua indígena. Não havia outras pessoas no
ambiente além dos convidados de Nazareno. O restaurante parecia uma torre de
Babel. Todos falavam ao mesmo tempo enquanto esperavam a comida.
Eu
cheguei mais tarde, já na hora em que era servido o jantar. Naquela noite eu
estava responsável por levar uma encomenda especial para um dos visitantes mais
ilustres do encontro. Estacionei a cheirosa (apelido da velha Parati
empoeirada) do outro lado da rua, acompanhado com a “encomenda” atravessei a
rua sem problemas – o trânsito parou. Todos olhavam a bela mulata de 1,75 de
altura, cintura fina quadril e busto perfeitos, cabelos alisados e longos, boca
larga e olhos grandes.
Entramos
juntos no restaurante e os olhares se voltaram como em câmara lenta. Não se
ouvia nenhuma voz por longos segundos, até que chegássemos à mesa. Apresentei
Edileuza a todos, e ela se limitou a um sorriso, expondo sua arcada dentária
que a faz magnética. Apenas a música de fundo tocava enquanto alguns ainda
olhavam, boquiabertos, a mulata sentar-se, bem posicionada, à mesa.
A
torre de Babel havia sido desfeita e todos pareciam entender-se, mesmo no
silêncio. O jantar foi servido e, em seguida, Edileuza saiu muito bem
acompanhada, sem ter trocado uma só palavras enquanto esteve ali. Tem coisas
que mesmo nunca ditas, todos entendem.
"La Carta" foi um jornal criado por mim, com a participação de Jovino Lobaz, em São Paulo em 2004, por ocasião de um curso de aggiornamento para professores de língua italiana.
Muito bom obrigado p lembrança
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