Pesquisar neste blog

domingo, 24 de maio de 2015

Deja Beija Tereza

Dejanir Haverroth
Eu e meus cinco filhos visitando o senário de minha infância
Dizem que quando envelhecemos vamos de encontro às memórias mais profundas, de quando éramos crianças. Vamos à busca da nossa criança interior, perdida, esquecida ou sufocada no auge da força da vida adulta. Esse reencontro é o auge da vida, quando juntamos a experiência com a pureza, a alma e a essência verdadeira - o que nós somos de fato, no cerne de nossa identidade. Nesse período parece que não sonhamos mais, enquanto dormimos. Os sonhos são substituídos pelas memórias das coisas boas que vivemos. Das coisas que realmente fizeram sentido na vida e fazem parte de nosso “eu” mais profundo.

Tudo o que fizemos na vida adulta, erros ou acertos, vitórias ou fracassos, é resultado de nossa luta pela sobrevivência. O afã de ser útil, de competir, mostrar força, deixar legados, deixar descendentes. Nesse período esquecemos quem somos e competimos para provarmos que somos capazes. Queremos “Ser alguém”. É uma pena que a vida não vem com um manual de instruções.  Precisamos viver para aprender que já “somos alguém”. Temos que viver coisas complexas para entendermos as simples.

Não sei por que, mas o mês de maio me traz muitas lembranças. Sobretudo de uns anos pra cá. Penso que meu relógio biológico quer me dizer alguma coisa. Hoje, depois de almoçar uma macarronada com meus filhos e amigos, fui sestear. Não havia bebido nada além de água, mas sentia um sono tão profundo que parecia mergulhar em mim. Embora o clima estivesse fresquinho (coisa rara em Ji-Paraná), eu me deitei sem me cobrir e liguei o ar condicionado. Adormeci em seguida.

Quando entrei no sonho fiz um mergulho profundo em minha infância. Como em uma viagem ao passado. Aterrissei em um potreiro (cercado de pasto) onde brinquei toda minha infância. Naquele momento eu brincava em baixo de um pessegueiro com outras crianças. Eu tinha três anos de idade, talvez. Próximo dali um paiol onde morávamos temporariamente. Minha mãe desmanchou a casa velha para forçar meu pai a construir a nova - a madeira estava toda pronta, no terreiro.

Embaixo de pessegueiro estava eu, a Tereza, sua irmã Maria e o Nande Franciozi. Perto dali minhas irmãs mais velhas e meu irmão, que cuidavam da Vana, minha irmã bebê. No terreiro do paiol minha mãe tomava chimarrão com a Nona Franciozi. Era de tardezinha e o frio do inverno chegava de mansinho. O dia era curto e lembro que o sol ameaçava se esconder por detrás da serrinha dos pinheiros do Írio. Do outro lado se via longe, além do vale, e o sol refletia na igreja da Floriza. Era o momento mais belo do dia. O cheiro da batata assada no forno a lenha anunciava a hora de reunir todos para comer.

Nesse senário comum de minha infância tinha uma coisa que eu ainda não conhecia. Todo esse romantismo e o desejo pulsante de viver a vida, que estava começando, me fez perceber que além de tudo aquilo, havia uma beleza que, a partir daquele dia, passaria a apreciar. Com pureza no coração e uma afetividade que até hoje carrego no peito, convidei Tereza, que brincava comigo debaixo de pessegueiro, para comermos batata doce quentinha, recém saída do forno a lenha. Ela me olhou tímida e eu a abracei e beijei seu rosto. Em minha inocência, queria incentiva-la a vencer a timidez.

Aquela foi uma das primeiras cenas da novela de minha vida. Teve poucos expectadores, e eram justamente meus irmãos. É a memória mais marcante e a base de minha identidade consciente, e eu tinha testemunhas. Por conta disso, eu sentiria o “peso” daquele beijo a partir do dia seguinte. Naquela hora lanchamos, Tereza e suas irmãs foram pra casa e logo nos lavamos na gamela e fomos para dentro de casa. No inverno as crianças se recolhem cedo para evitar resfriados e outras doenças trazidas pelo frio.

A vida era tranquila naquele sítio em Nova Prata do Iguaçú. Foi ali que eu nasci - na casa que minha mãe havia desmanchado para dar lugar à casa nova.  Lembro como se fosse hoje a velha casa. Minha mãe se admira quando eu conto com detalhes minhas primeiras memórias da infância e que me levam a uma velha casa. Eu devia ter dois anos de idade. Era uma casa alta do chão, apoiada em troncos de madeiras. Lembro-me da cozinha - para entrar havia uma escada bem alta, e da cozinha para o restante da casa tinha outra escada, um pouco menor, onde minha irmã Ade, sentava para dar mamadeira à outra, recém-nascida.

Do outro lado da sanga moravam duas famílias. Os Franciozi e os Varalli. Seu Ernesto Franciozi tinha muitos filhos, dentre eles várias meninas, todas muito bonitas. A Nona Franciozi, mãe de Ernesto, era bem velhinha e andava bem corcunda, apoiada em um bastão. Morava sozinha, numa casinha perto do filho. Os Varalli também tinham varias mulheres, todas bonitas, e um menino, Moacir, com quem fizemos fortes laços de amizade. Os varalli também tinham uma matriarca – a Nona Varalli. Ela era procurada por todos os moradores da redondeza para fazer xaropes, rezas e partos. Era nossa curandeira.

Mais perto de casa, do outro lado da cerca do potreiro, havia um rancho à beira-chão, coberto com lascas de madeira. Ao lado um pinheiro e aos fundos um açude. Ali morava uma família de caboclos. Seu João e seus filhos, dentre eles três meninas: Jandira, a mais velha; Maria, a do meio e Tereza, a mais nova - com a minha idade. Nossa relação de amizade era forte. Quase todos os dias nos encontrávamos para brincar – no potreiro, no paiol ou nos montes de palhas de milho ou feijão, no meio da roça.

O barraco do Seu João era muito simples, porém muito alegre. Eles não tinham rádio de pilha, mas nem precisava – eles cantavam o dia todo. Toda a família cantava e ouvíamos lá de casa. Todas as noites eles acendiam uma fogueira do lado de fora da casa. Diziam que era para proteger de insetos, cobras e outros animais, além de aquecer nos dias frios. Em volta da fogueira sempre tinha batata doce, pinhão ou milho verde, assados nas brasas.

Era uma vida simples que eles levavam, mas nada faltava - muito menos calor humano.  Embora minha família fosse descendente de alemães, nunca tivemos preconceito racial em nossa família. Nunca ouvi de meus familiares alguém dizer que éramos melhores que os outros por conta de “raça”. Também não éramos capitalistas e não olhávamos as pessoas com base em sua condição financeira.  Minha mãe é cabocla violeira e meu pai (in memoriam) um ex-seminarista. Tínhamos muito em comum com aquela família, portanto nossa convivência era muito harmoniosa e despretensiosa. 

A viagem ao passado terminou depois que eu visitei as pessoas que fizeram parte de minha primeira infância. Em minhas lembranças, olhei cada um nos olhos, sorri, disse coisas sem falar e me emocionei com elas. Todas isso aconteceu durante aquele profundo sono, na tarde de um domingo de Maio, depois da macarronada. Ao acordar, fiquei na cama por cerca de duas horas, meditando sobre o sonho e refletindo sobre a vida. Como certas coisas marcam nosso ser!?

Conclusão
Naquele dia, tempo e lugar onde o sonho me levou, foi o dia em que eu beijei Tereza. Ali se inaugurou em minha mente um novo caminho neural, que foi reforçado ao longo da vida. Eu era um piá genioso, teimoso (quem não é com três anos de idade?), e eu continuo sendo. Nunca fomos violentos, e a única arma que conheci na infância é o que hoje chamamos de bulling. A única forma de ir a forra com alguém era chamar de apelido e “inticar”. No dia seguinte ao beijo, na primeira pirraça que eu fiz para meus irmãos, passei a ouvir um sonoro “Deja beija Tereza!”. Convivi com a família de Tereza e com ela, é claro, até meus sete anos. Eu não lembro quantas vezes “beijei Tereza” e, quando fiz, foi na mais pura inocência. Diferente de hoje, naquele tempo não existia malícia com tão pouca idade. 

Esse capítulo de minha infância nunca foi, nem de longe, algo limitante. No fundo, eu me sentia prestigiado quando alguém dedicava essa musica a mim. Sentia na verdade que se tratava de uma forma de carinho. A maioria das vezes era motivo de graça e alegria, embora eu me mantivesse sisudo para bancar de durão e não admitir que eu fosse “O Cara que Beijou Tereza”. 

Gosto muito de beijar e tive o privilégio de beijar muitas mulheres ao longo de meu quase meio século de vida. Algumas nem o nome eu lembro, outras nem do beijo eu lembro. Mas hoje, pela primeira vez eu assumo: sou “O Cara que beijou Tereza”. E faria tudo de novo, inclusive com aquela musiquinha que ainda ouço quando passeio no meu “eu” mais profundo. Na verdade eu sou o “Deja Beija Tereza”, porque, lá no fundo, para mim toda mulher é (uma) Tereza.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Viagem no Grande Espírito

Sentir a Mãe Terra e o Grande Espírito que se move sobre as águas, vales e montanhas, é a maior recompensa nesta vida. Se tudo der errado... se dinheiro eu não ganhar... se desprezo eu encontrar... se de tudo eu me frustrar - mesmo assim a vida vai ter valido a pena.


sábado, 16 de maio de 2015

Pedras de Moinho

Dejanir Haverroth

A humanidade vive o momento mais contraditório de toda a sua existência. Como os meios proporcionados pela tecnologia, qualquer pessoa, por mais simples que seja, pobre ou rica, habitante de uma metrópole ou de uma floresta, consegue se comunicar com pessoas de quaisquer parte do planeta, de forma individual ou coletiva. 

Com essa mesma tecnologia as pessoas tem acesso a informações de todas as ciências: história, biologia, matemática, botânica, artes, enfim. Basta imaginar, clivar, e em frações de segundos tem o mundo em suas mãos.
                                                                                                                 
A evolução é tanta que a cada dia surgem mais autodidatas e mais pessoas se entediam com as ladainhas das academias e os conteúdos frios dos livros empoeirados das bibliotecas das faculdades. As informações estão acessíveis com recursos audiovisuais e professores, de forma gratuita e interativa, a um toque do dedo.

Com tantas informações, tantas possibilidades, as pessoas estão com dificuldade para filtra-las e fazer bom uso do que aprendem. O contato com o mundo externo está desconectando as pessoas delas mesmas e de quem está mais próximo. Muitas vezes conversamos com pessoas distantes e ignoramos alguém que está do nosso lado.

Está se perdendo a referência do verdadeiro sentido da comunicação. Aquela que conecta as pessoas, primeiro com elas mesmas, depois com o meio, os próximos e assim por diante. Muitas pessoas já se esqueceram da comunicação plena – desde o sentir-se, ouvir-se, tocar-se e ver-se. Ainda mais esquecido ficou o sentir o outro, ver o outro, ouvir o outro.

As vezes precisamos ir longe, na história, nossa própria história, para buscarmos referências perdidas.

Pesquisando em minhas memórias, lembrei-me de quando eu era menino, no interior do Paraná. Em Nova Prata do Iguaçú. Morávamos em um sitio, e cultivávamos quase tudo o que consumíamos. Éramos em seis irmãos, quatro meninas e dois meninos. Eu era o caçula dos homens, e uma de minhas obrigações semanais era ir ao moinho levar milho para fazer fubá. A polenta era uma das bases de nossa alimentação.
O moinho ficava mais no interior ainda. Pendurado em um penhasco, na beira de um córrego, perto do Rio Jaracatiá - a distância de três quilômetros de casa. Cada viagem parecia uma odisseia, e demorava quase uma eternidade, pelo peso do saco de milho que eu transportava em uma carriola.

Os donos do moinho eram Dona Andressa, sua filha Pedra e o genro Olegário. Pessoas muito simples, amorosos e, ao meu ver de menino, perfeitos. Andressa era bem idosa, Pedra e Olegário eram de meia idade, uns 50 anos cada. Eles viviam muito bem naquele lugar que parecia encantado. Um verdadeiro cenário de filme do Hary Potter.

Dona Andressa era uma poderosa curandeira. Temida pelos lobisomens que circundavam a região. Ela contava as histórias de surras que deu em lobisomens em seus confrontos. Fazia chás, xaropes, rezas e outros rituais de curas.

Seu Olegário era tranquilo, falava pouco e enxergava com apenas um olho. Pedra mancava de uma perna e falava o tempo todo. Eles atendiam as pessoas que chegavam com as moagens (cereais para fazer farinha) com o mesmo carinho e simplicidade que a vida lhes deu como essência.

O movimento era pouco, e à velocidade do tempo. De vez em quando chegava um viajante a cavalo ou a pé, trazendo ou buscando algum produto de mó. Olegário conversava comigo com toda a atenção e simpatia e eu ficava por ali todo o tempo possível, brincando ou ajudando em alguma coisa. Depois de transformado o milho em farinha e eu ia embora. Chagava no moinho pela manhã e saia no fim da tarde. A velocidade do tempo era outra. A vida acontecia o tempo todo e ninguém tinha pressa.
Pouco antes de eu deixar minha terra natal e vir embora para o norte, fui outra vez no velho moinho levar a moagem. Naquele dia a viagem demorou mais. Fiz parada para mergulhar no velho açude do Nilo, colhi laranjas temporãs nos laranjais à beira da estrada e passei na casa da professora Sonilde para beber água e descansar. Eu tinha 13 anos, quase 14 - era mês de maio, e meu aniversário seria em junho. Era frio de início de inverno. Foi uma das viagens em que eu menos me preocupei com o tempo - cheguei em casa já era escuro e, naquela noite, por conta de minha demora, uma sopa substituiu a polenta no jantar.

Ainda no moinho, enquanto eu esperava a moagem ficar pronta, aproveitei para me despedir daquele lugar. Eu desconfiava que seria a minha última passagem por aquele caminho, naquela fase de minha vida. Minha família estava se preparando para ir embora dali, para o sertão do Mato Grosso. Seu Olegário e Pedra me receberam muito bem, como sempre – Dona Andressa já havia cumprido sua missão nessa terra e partido, deixando muitos afilhados e boas lembranças nos corações das pessoas daquele lugar.  

Naquele dia, lembro bem, ajudei no moinho e a dar comida aos porcos. Em troca ganhei almoço. Era galinha com polenta e feijão. Andei nos penhascos, nos canais de água que moviam as pedras do moinho, desci até a grota do pequeno rio, observei as pombas saleiras e as juritis - sevadas pelos restos das moagens - e procurei frutas silvestres (não encontrei nada. Não era tempo). Embora tudo isso fosse rotina em minhas visitas ao moinho, naquele dia foi especial. Guardei cada imagem, cada som e cada cheiro ou sabor em minha memória. Minha inteligência emocional parecia saber o que, e porquê eu estava fazendo.

Já era quatro da tarde, e eu conversava com seu Olegário, ao lado das pedras do moinho - que rodavam sem parar, tão próximas que pareciam juntas, embora nem se tocassem. Neste momento Pedra chegou com um bule de chá de cidreira com leite e pequeno cesto com pão de milho coberto com banha de porco e açúcar.

Em volta das pedras do moinho e comendo o lanche, o velho casal começou a falar sobre a vida e os relacionamentos. Eles sabiam da mudança. Que íamos para o sertão. Eu mesmo tinha contado.

Eles pediram para eu observar as pedras de moinho. Elas eram enormes e a roda d’agua que as moviam parecia uma roda gigante. Como as pedras se comunicavam? Como transformavam milho em fubá e trigo em farinha? Como separavam o amido e a pele com tanta precisão? Como estavam tão próximas e não se tocavam, não se feriam?  De tão próximas as pedras, a farinha saia muito quente depois de passar pela mó, quase torrada, por isso a polenta daquele tempo era mais saborosa do que as de hoje.

Realmente é incrível como as duas pedras trabalham tão próximas. Uma permanece fixa, na base, e a outra roda sobre ela. Se chamam “Mó de Cima” e “Mó de Baixo” - uma deitada sobre a outra. A de cima tem um buraco bem no centro, onde é despejado, aos poucos, os grãos que passam entre as pedras em movimento.

Para se fazer a farinha, é preciso passar, pelo menos, duas vezes o cereal entre as pedras. Na primeira vez as pedras ficam um pouco mais afastadas, cerca de cinco milímetros. Nesta fase é separada a pele e o amido do grão. Na segunda passagem a distância entre as pedras é quase imensurável. Quando o produto sai pelo espaço já é farinha, pronta para a polenta.

Como alguém consegue fazer uma coisa dessas? Fazer duas pedras enormes trabalharem assim, com tanta harmonia? Precisa ter muita inteligência, comentei admirado.

Apesar de frequentar aquele lugar anos seguidos, eu não tinha parado para meditar a respeito. Durante uma hora inteira eu ouvi Pedra e Olegário explicarem como as pedras eram feitas, tão perfeitas.

“As pedras são escolhidas, em duplas - tamanhos e consistências semelhantes. São cortadas e deixadas parecidas em tamanho e forma. Depois são colocadas uma sobre a outra, na mesma posição em serão usadas no moinho, então começa o período de ajuste.
Elas são esfregadas uma na outra, de forma que o desgaste corrija as diferenças. Uma corrige a imperfeição da outra para que possam se encaixar. Para que fiquem perfeitamente ajustadas. Enquanto houver “desajustes”, não estarão prontas para o moinho. As duas pedras sofrem com o atrito, mas no final se moldam. Cada uma perde um pouco de si para dar lugar a imperfeição do outro. Cada uma perde um pouco da sua imperfeição para se moldar à outra.
E se um dia uma das pedras se quebrar, a outra não poderá ser usada sem que passe pelo mesmo processo com outra pedra, que por ventura também perdeu sua parceira. Dessa forma, sempre que for fazer um moinho, é preciso de duas pedras que se encaixam perfeitamente.”

Depois dos sábios ensinamentos, terminamos de fazer o lanche da tarde, peguei minha moagem e me preparei para ir embora. Antes de eu partir, Pedra me falou: “Sei que vai pra longe, talvez nunca mais te veja. Mas não se esqueça da lição das pedras do moinho - trata-se de uma das mais antigas lições da sabedoria humana sobre relacionamentos”. Na época não entendi direito, mas acatei o conselho e parti.

A vida seguiu. Fui para o Mato Grosso, depois Rondônia e de Rondônia para o mundo. 35 anos se passaram, cresci em estatura e em ciência, me casei seis vezes e tive cinco filhos – o caçula já é quase adulto (17 anos). O tempo passa e não me canso de aprender. Estou na fase de ruminar minhas memórias e reaprender. Ver o que ficou guardado sem digerir.

Meu pai Lucas costumava dizer que a vida é de fases, e a velhice serve para repensarmos a vida. Muita coisa se passou rápido demais e não aproveitamos. Muitas informações colocamos na mente sem tirar lições. O velho tinha razão.

  Nesta semana me peguei pensando em Dona Andreza e no moinho de pedra. Fiquei nostálgico e fiz um mergulho profundo em minhas memórias, consegui sentir o cheiro do fubá quente, recém moído. Senti o sabor das laranjas temporãs de maio. Parece que senti no corpo a água fria do açude do Nilo e a dor no dedão do pé sem a unha, depois de um tropeção nas pedras dos caminhos de Nova Prata.

Agora, as lição das Pedras de Moinho fazem muito sentido para mim. Muitas vezes, nas relações afetivas, profissionais, familiares e sociais, temos que ceder um pouco. Deixar desgastar algum comportamento, crenças e até valores nossos, para darmos lugar aos comportamentos, crenças e valores dos outros. Não importa se somos a “mó de cima” ou a “mó de baixo”, precisamos nos entregar ao molde para que a relação seja harmoniosa. 


Pedras de Moinho - Você sabe o que é uma pedra de moinho? Ou melhor, “Pedras de Moinho”? Assim mesmo, no plural (Mó de baixo e Mó de cima). Elas são produzidas em duplas e assim trabalham. Há muitos anos, muita antes da energia elétrica, da indústria e da tecnologia, o homem já fazia farinha de com cereais, como trigo, milho e sorgo em moinhos de pedra, movidos por força do homem, por animais, vento ou água. Não há registro preciso dessa invenção, mas acredita-se que existe há mais de seis mil anos. 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Palestra sobre comunicação e política foi sucesso em Jarú

A palestra sobre Comunicação e Política, promovida pelo Partido Social Democrático (PSD), na noite de ontem (07/05), em Jarú, contou com a presença de 60 pessoas. Além de pré-candidatos do partido a prefeito e vereadores, teve a presença de líderes de outros 4 partidos, vereadores e o pré-candidato a prefeito de Jarú pelo PMDB, Jeferson Lima.
Segundo o promotor do evento, Flavio Correia, que também é pré-candidato a prefeito, o principal objetivo da palestra foi preparar os filiados e futuros candidatos para o universo político. “Queremos fortalecer o PSD em Jarú para as próximas eleições, além de melhorar o relacionamento entre os membros”. Flavio também falou que a palestra é um dos diferenciais que o PSD oferece aos seus filiados - o de crescimento enquanto pessoa e a capacitação. “Teremos outras quatro palestras nos próximos 12 meses, onde aprenderemos mais sobre comunicação e política.”, disse Correia.
A palestra foi ministrada pelo jornalista Dejanir Haverroth (IHPEC), Trainer em PNL e especialista em Ciências Políticas. Segundo Dejanir, a política é a arte do relacionamento, e a ferramenta do relacionamento é a comunicação. “Quanto melhor a comunicação, melhor o relacionamento”.

Assessoria - Roseli Molon (IHPEC)





segunda-feira, 4 de maio de 2015

Reconhecimento Internacional

Acabei de receber os selos de duas entidades internacionais de Programação Neurolinguísticas que faltavam para meu certificado. Agora somam três reconhecimentos internacionais: "Metaforum International", "International Association of NLP Institutes" e "Meets IANLP"



Certificado com os Selos Internacionais

sábado, 2 de maio de 2015

Internet cresce e ameaça mídias tradicionais

O imediatismo dos sites noticiosos, a possibilidade de interação nas redes sociais e a popularização dos computadores e celulares, fez com que a internet se tornasse uma das mídias mais populares no mundo.
Veja como está a audiência das três principais mídias em Rondônia. A pesquisa foi feita pelo IRPE e pela Revista Enquete em 12 municípios de Rondônia durante o mês de março/2015. Foram ouvidas 3.400 pessoas através de amostragem sistemática e estratificada, com entrevista in loco, inclusive ao público da área Rural. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%.
Em Rondônia a audiência da Internet já se aproxima do rádio, com empate técnico. Se for considerado somente o setor urbano, a internet ultrapassou em 20 pontos a audiência do rádio e já disputa com a televisão a liderança. Porém, no setor rural, o rádio e a televisão ainda estão longe de serem batidos em audiência. A diferença entre os dois, é que no campo a maioria das TVs possuem antenas via satélite, portanto, é através do rádio que se poder levar a informação regional e local às pessoas.

Audiência dos meios de comunicação de massa em Rondônia

Total
Televisão
87,4
Rádio
65,7
Internet (fixa ou móvel)
63,1
Jornais Impressos
9,6
Revistas
8,6
Nenhum
6,1














Internet e Radio no campo e na cidade - A audiência das mídias são inversamente proporcional quando comparado o campo com a cidade.

Urbana
Rural
Internet (fixa ou móvel)
73
35
Radio
55
76

















Redes sociais mais usadas pelos internautas

Total
Facebook
52,0
WhatsApp
48,0
Google+
11,6
Skype
10,1
Twitter
9,6
Nenhum
39,9




sexta-feira, 1 de maio de 2015

Chico Território - uma lenda viva na região do Guaporé

Para se fazer justiça, é importante separar a identidade do homem de seus papéis na sociedade. Chico Território não é prefeito. Ele ESTÁ prefeito. É uma situação transitória. O povo de Costa Marques sabe separar isso e respeito a pessoa do Chico.
A história de Chico é muito bonita, digna de um livro sobre as belezas e magias da Amazônia. Nasceu em 1953 e desde menino ele acompanhava a vó em suas missões de curandeira em um tempo em que não existia medicina nessas paragens. Mais tarde tornou-se o parteiro, o médico, o bioquímico e o farmacêutico dos caboclos. Além disso, foi o conselheiro e o psicólogo em inúmeras situações.
Para os estudiosos e espiritualistas, esse poder de identificar as doenças e as suas causas, não se trata apenas de conhecimento. Trata-se de dom. Ao ser interrogado sobre a sua técnica de diagnosticar e tratar doenças, Chico Território diz que não há uma técnica, e sim um mover de energia.
“Eu crio uma conexão com a pessoa doente e sinto, através de sua energia, a origem da doença. A maioria das vezes está relacionada ao nível de sua energia psíquica emocional ou mesmo espiritual”, afirma Chico.

Quando se estuda física quântica como uma das mais modernas e poderosas ciências, muitos consideram essa energia a própria “Energia de Deus”. Diante disso pode-se entender o quanto o povo da região do Vale do Guaporé se beneficiou com esse poder Divino, através de pessoas como o Chico Território. 

Publicada na Revista Enquete edição 24 - abril 2015

Costa Marques a espera de um milagre do Divino

Uma das principais cidades turísticas de Rondônia, onde posa o imponente Forte Príncipe da Beira, às margens do rio Guaporé, na divisa da Bolívia, vive um dos piores momentos socioeconômicos de sua história. 
A arrecadação dá mal para cobrir a folha de pagamento. As obras do Governo Federal e estadual precisam de contrapartida do município e de projetos para serem executadas. Não há engenheiro ou arquiteto para elaborar projetos e enviar aos ministérios para viabilizar recursos. Há conflitos de interesses na própria administração e na comunicação entre executivo e legislativo. 
Segundo o prefeito, Chico Território, há três coisas importantes a se fazer e, caso ele consiga neste mandato, terá cumprido sua missão como prefeito: revitalizar os dois principais pontos turísticos do município – a orla do porto e o forte Príncipe da Beira – e capacitar a população para receber os turistas.

Desde que assumiu a prefeitura, em janeiro de 2013, Chico Território pouco conseguiu fazer pelo seu povo. “Eu queria tanto ser prefeito para ajudar meu povo, mas não consegui. Encontrei muitas dificuldades, falta de dinheiro e interesses diversos e a enchente. O jogo do poder é muito duro e não conseguimos agradar a todos os interesses.” Desabafa Chico.

Publicada na Revista Enquete edição 24, abril de 2015

Anatomia Política – 20 de abril de 2015

Dejanir Haverroth
>>> O bom de ser colunista é o assédio. Sempre que sai uma coluna quentinha, durante uma semana fico recebendo ligações de políticos. Uns reclamam, outros elogiam e tem aqueles que pedem para aparecer (positivamente) nas minhas escritas. Não cola. Meu papel aqui é abrir as cortinas antes da peça começar. As articulações para 2016 começaram em outubro do ano passado e já tem muita coisa acontecendo.

>>> Segundo análise do IRPE, 14 prefeitos poderão perder a disputa para a reeleição em 2016. Pelo que consta no TRE, 17 prefeitos dos 52 de Rondônia fecham o segundo mandato e não podem concorrer à reeleição. Dos 35 que disputarão o segundo mandato, apenas 21 deles apresentam condições reais de se reeleger. Os demais terão de contar com muita sorte.

>>> Na coluna publicada em Março, no site da revista, eu falei de alguns municípios. Vou fazer uma suíte: eu disse que em Cerejeiras o Airton gomes estava mal das pernas na cidade, mas na área rural era imbatível. Parece que já começa a dar a volta por cima também na área urbana. No início de abril ele anunciou um pacotão de obras e já começou a reconquistar a confiança dos eleitores. Seus adversários mais fortes continuam sendo Kleber Calixto e Ezequiel Neiva.

>>> Também se confirma em Colorado do Oeste o crescimento da oposição ao Josemar Beato. O PMDB e o PT se articulam e ganham força a cada dia. Vai ser uma disputa difícil para Josemar.  

>>> Em Vilhena, segundo informações extraoficiais, o candidato do Melki Donadon é a sua irmã, Raquel Donadon. Ela obteve expressiva votação para deputada Federal nas eleições passadas. Luizinho Goebel vai apoiar o candidato de Rover, o Gustavo Valmorbida, que até o momento tem recebido o maior numero de adesões, tanto de empresários quanto de lideranças. Ainda deverá existir uma “terceira via”, talvez liderado por Junior Donadon, com adesões de outros vereadores. Julinho da Radio também deve lançar candidatura.

>>> Em Ariquemes, depois da publicação da ultima coluna, surgiu um movimento novo. O Delegado Thiago Flores reapareceu e deve disputar a vaga do PMDB com o jornalista Ricardo Scwantz. Os outros dois prováveis candidatos são Adelino Follador (DEM), e o atual prefeito, Lourival Amorim.

>>> Em Jaru, o quadro começa a se desenhar agora. A atual prefeita deve sair à reeleição, tendo como principal adversário o ex-vice-prefeito, Flavio Correia (PSD). Também entrarão na disputa o Vereador Jeferson Lima (PMDB) e a ex-deputada Stella Mari (PR).

>>> Em Porto Velho a oposição nada de braçada. A deputada Mariana Carvalho (PSDB) e o empresário Mauro Português (PMDB) ameaçam a reeleição de Mauro Naziff (PSB). A rejeição de Naziff é uma das piores da história de prefeitos de Porto Velho.

>>> Em Machadinho dois candidatos apresentam boas condições de disputa. O vice-prefeito Celso Coelho (PMDB), e o petista Leomar Patrício. O atual prefeito, Marinho da Caerd (PV), finaliza seu segundo mandato, portanto não será candidato.

>>> Em Buritis a situação está critica. O atual prefeito está em mau lenções, e a oposição se articula. O nome do petista Alfredo Volpi é um dos mais cotados.

>>> Em Cacoal devem surgir nomes novos na disputa. Padre Franco (PT) está fora do páreo porque encerra seu segundo mandato. O nome mais cotado no momento é o da deputada Glaucione (PSDC).

>>> Em São Francisco do Guaporé a prefeita Lebrinha (PP) não tem adversários a altura. Tudo indica que sua reeleição é tranquila. Uma coisa é quase certa: ela deve trocar o seu vice-prefeito. 


>>> Em Costa Merques tudo novo. O velho de guerra, Chico Território, vai jogar a toalha. O mandato trouxe só dissabores ao lendário chico. Quem vai sucedê-lo? É difícil prever. Mas, seja quem for, terá muitos desafios quando assumir o mandato.